A ferida; a ferida que é cor: percussão que define
chaga aberta ao tempo – a ferida - na velocidade
da luz que nos leva incólumes.
Estão lá
as vozes que escutam a ferida.
Raspo umas lascas de ti:
sangue que escorre
pelo corpo que morre.
Lambo-a e
e nos raios e
e nas encorrilhas e
e no canto e
e longe
os ecos voltam para derrubar
a ferida; a ferida que é sol
no mar dos dias.
Aperto-a para que a dor seja ainda maior
aperto-a para a ter inteira;
toda se estende
encolhe
expande-se
agora não: não é só corpo:
os dedos penetram a carne
aberta
agarro a pele – tua –
enterro: extremidades rasgadas
força nas minhas mãos
invasão de ser contra o teu interior
esgar directo à minha dor.
.choro.
Oprimo a úlcera.
palmas que guardam o sangue;
grito mudo
no olhar que me ofereces.
aperto – sempre –
agarro, mantenho a dor da tua ferida nas minhas
mãos
até que o sofrimento se solte de tudo o que sou.
Trajectos:
fixa sublimação na morte;
trajecto:
o teu sem mim.
Fico só
com a tua ferida nas mãos: fito-a,
a tua ferida nas minhas mãos
que é a cor:
a tonalidade que me embala
no sabor dos dias.
Os meus dias.
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