Os dedos esticam a vergonha
vinho inteiro malogrado. E
no enterro do machado
arremesso da peçonha.
Barbas e olhares nos peitos:
diferença;
tinta imaculada em trejeitos:
nascença.
Chamam-lhe sangue,
à voz dos poetas
- tontos!
por pensarem que a dor
tem voz humana.
As mãos perpetuam o querer:
no peito? Aflição.
Uma elevação
que não sinto: consumo.
Um corpo inteiro
ao serviço da tristeza
que se estende
quando a solidão me agarra
e me convida a rasgar a alma:
pedaço viril de força.
Não há choro que aguente
não há sorriso que acalente
não há sentido que afugente
tudo o que o poeta sente.
As lembranças são curtas
no imediato de genética balear
são socos que me transformam
são ímpetos que me levam
e nem a morte lava o sofrimento
ou a vida rega o caminhar;
só a chuva acalma
quando bate na cara dormente
em protesto vidente.
A caneta que corre
com pressa de chegar
ao fulcro onde vai voltar
Poder:
o de captar o ser.
A tinta é sangue
o sangue que quero pensar
que insisto em guardar;
O sangue: disfarce de palavras
- sublimação -
letras que extraio e que são
as vísceras
os gritos
os sufocos
as paixões
ausência de mim nas multidões.
Chamam-lhe sangue,
à voz dos poetas.
- tontos!
por saberem que até a dor
tem voz humana.
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