sexta-feira, 6 de abril de 2007

Enlouqueci. Retirei dos fios do pensamento as argolas da exactidão. Exasperei-te por te perder; fortaleza dos passos no andar do dia. Na parede – mesmo no meio – fiquei senil e gostei; e voei na ruína. Pego no alguidar que me enforca o punho, à boca do insecto. Olhas-me. Veneras o acto: odor que emano quando na fuga és só masturbação.
Enlouqueci. Fechei um olho e deixei outro aberto. Mastiguei a retenção dos números – alquimia a perpetrar o murro. Cresço louca – pecadora; afogo-me nesse intuito, no intuito de te deixar de ver, deixar de ver o que padeço por ser louca sem ti.
A roupa está seca: o corpo submerso no desejo. Penduro a alegria no estendal que alguém deixou para os lamentos alheios. Uso essa corda dos outros e passo a mão na sujidade que a envolve. Ah, como é bom sentir a culpa nas mãos e lamber o demónio, serrar o corpo para ser só metade, sentir o sangue que não corre num sorriso que vive.

(Eu)louqueci. Premi o gatilho muito antes de ter nascido. Sou agora volante nas mãos de quem quiser conduzir o alento dos devaneios. Pensas que tens controlo?

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