Respirar - exacto momento em que me afasto das moléculas. Vou contra mim, num passo de imaginação e volto à praia por onde padeço. Nas paredes, a rede apanha-me sem frentes. Sou fio, anzol sem bicho.
Respiro: levanto-me do jogo de cadeiras onde os peixes estão sentados; à espera. Mudos. De dentes afiados. Sorrio. Rio. Descaradamente. Alto. Com intensidade. E quero come-los a todos – um por um – para fortalecer o oxigénio, roubar-lhes a alma. Os peixes nadam; não respiram. Eu respiro; eles não: estão mortos. Eu nado; mas eles não respiram. Os peixes choram; eu rio. Vão. Não voltam. Abro a boca grandemente para os engolir; degolar-lhes as guelras para que também respirem do meu ar, da minha vivência. E assim não morrerei abandonada. Respiro, nas trocas.
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