O vestido é justo. Atiro-o para o lado; procuro outro tecido.
As sabrinas não servem. Arrumo-as na caixa; ando descalça.
A cara é feia. Pinto-a; disfarço a cegueira.
A música acabou. Renovo o som; oiço fado.
Altero tudo: visto o mundo de novas rotações, calço a vida com os meus pés descalços, dou à vista dos outros uma alegria, esquadrinho-me de uma voz que não é a minha.
Sou feia. Uma feia, feia. Uma feia que não é feliz porque a felicidade é uma utopia de que todos se querem servir. Simples: não existe. As gentes vão-se entretendo, dizendo que a procuram e que tudo o que querem ser é «Ser feliz». Como se a ambição humana se revestisse de vazios.
A felicidade é o arco-íris: todos o vêem longe – admiração de misto de cores e beleza. Mas já alguém lhe tocou?
Sou feia, eu sei.
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1 comentário:
És linda
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