terça-feira, 21 de outubro de 2008

Fervilhas pela dor do querer nocturno, despejas a cólera por um imenso intenso calor de vozes salgadas, prometes que os verões serão sempre assim e cais a meus pés conjugado pelo movimento encorrilhado.
Juras que o sal não pede perdão e apenas refresca a vontade do ouro, ancorada nesse limiar doce a que chamamos degelo.
Corres pela estrada e não olhas para o fogo, nem ameaças as lanças da menina selvagem que julgaste perder. Queres tudo, como se a boca coubesse num trago, no nosso lume de amor; e a vida acontece na nudez do teu corpo suave; e o desaparecimento invade a sombra porque também as cores se disfarçam à chuva e o meu ego adormece contigo.
Pára o silêncio com a mão que embala os traços. Paras tu. Paramos nós. Para que o tempo se descubra e se abra, para que as letras se fundam em âmagos, para que a música retorne intacta.

1 comentário:

Anónimo disse...

Esperar é muito pacífico, se comparado com vigília: aqui o orvalho que regenera, contém o fabuloso sentido de possuir lanças dentro: moléculas como fulcros; esmagando com a ausência; intensificando a proximidade de um contacto com as palavras puras, que só a música sabe despertar, sustendo a tensão, onde o brilho escurece toda a linguagem dos artesãos da luz esquartejada.

Não sabemos já, o que é luz ou a exaltação das sombras.

Num cosmos de labaredas as palavras estão nas mãos de uma dança, fresca arte de números, nome calcinado que não esquecemos numa outra interpretação do mundo.

Os flancos dos dias vão declinando enquanto mergulhamos, estremecendo com a alucinação que na ponta dos dedos, não mostra o fruto da exploração dessa matéria preciosa.

Agora sim devoro as palavras de quem acenderá a correria para onde o ar é fremido: dedos; pálpebras; laços; água; constelações; beleza desunida: o medo também arrebata e não saber de ti não é ignorância.